Escultura sonora
A mostra apresenta obra inédita do artista que toma todo o espaço cenográfico criado pelo curador do projeto, Guilherme Wisnik, e pela designer da obra Noni Geiger. Parte de um projeto idealizado por ele nos anos 70 e retomado há três anos a convite do Itaú Cultural, nesse trabalho, a arte visual é envolta em penumbra para dar luz à sonoridade. O título é um palíndromo: rio oir, em um jogo de palavras que faz referência ao fluxo da água, à audição, e à risada. É Cildo em seu estado mais puro: da dessacralização da arte, em que a capacidade sensorial predomina sobre o visual, e da mensagem política e socialmente crítica.
Pensado em 1976 e realizado entre 2009 e 2011, rio oir integra uma série de projetos sonoros já realizados por Cildo, como Mebs/Caraxia, de1970; Sal Sem Carne, de1975; Babel, de 2001, e Liverbeatlespool, de 2004. A obra atual deriva da captação que ele fez dos sons das águas em quatro diferentes lugares do Brasil: a Estação Ecológica de Águas Emendadas, próxima a Brasília; as cachoeiras de Foz do Iguaçu, no Paraná, na fronteira entre o Brasil, a Argentina e o Paraguai; a foz do rio São Francisco, entre Alagoas e Sergipe; e a pororoca do rio Araguari, no Amapá. Pela sua própria natureza, esse trabalho começou com um caráter puramente sonoro e acabou ganhando movimento político.
"O material coletado foi direcionando a natureza formal do trabalho", disse ele em entrevista ao curador Guilherme Wisnik, sintetizando: "Encontramos nascentes natimortas, o que foi muito impactante; e percebemos que muito em breve as águas fluviais do Brasil serão, de certa forma, residuárias, pois elas já estão sendo conspurcadas na fonte." Em sua opinião, o caso do rio São Francisco é o mais emblemático: "É um rio que se tornou muito doente nas últimas décadas. O que não quer dizer que isso não esteja acontecendo também nos rios da Amazônia, que já estão, em boa parte, altamente contaminados por substâncias como o mercúrio, ou sendo impactados pelas hidrelétricas."
SERVIÇO
Aberto para visitação de 21 de agosto a 2 de outubro de 2011
De terça a sexta, das 9h às 20h
Sábs. doms. e feriados, das 11h às 20h
Entrada franca