– Desde que?
– Desde que meu marido morreu.
Ele engoliu em seco. Estavam agora na seção de bebidas.
– Seu marido tinha trufas?
– Não. Não é isso... – Ela parecia alvoroçada. Pegou uma garrafa de Grand Marnier para disfarçar seu embaraço.
– É que comecei a cozinhar depois que meu marido faleceu.
Para encher o tempo. O meu grande prato é o champignon recheado. Mas nunca fiz com trufas.
– Há quantos anos você...
– Sim?
– Está sem trufas?
Ela estava rubra como um rabanete por fora.
– Doze anos.
– Curioso. Nos cincos anos desde que minha esposa faleceu, recebo trufas regularmente, de um sobrinho que mora na França.
Mas, fora um ou outro molho, que a minha cozinheira invariavelmente estraga, não sei o que fazer com minhas trufas...
Alguma coisa pairou sobre o silêncio que se fez entre os dois naquele instante. Alguma coisa ainda disforme, a sugestão da sombra da possibilidade de uma idéia. Não podiam ter certeza que daria certo. Às vezes está tudo conforme a receita – champignon dos grandes, o recheio de queijo, a manteiga e o creme para o molho, as trufas acrescentadas ao molho antes de gratinar – e não dá certo.
Mas como saber, sem provar? Esta história tem dois finais, à escolha do leitor. Doce ou amargo, como as sutis variações da cozinha oriental.
N
um final ele pergunta para ela: “Você quer?”. E ela faz que sim com a cabeça. Então ele pergunta: “Na minha casa ou na sua?”.
E ela responde: “Na minha, porque eu conheço a cozinha...” No outro final, os dois se despedem, nunca mais se vêem, e o espectro de uma possível sauce com trufas perfeitas para os champignons recheados fica vagando entre as prateleiras, por todos os tempos.
Luis Fernando Verissimo
conto extraído do livro “A mesa voadora”
HORA 22:00 FESTA
“O NOVO AMIGO É COMO O VINHO NOVO, ENVELHECERÁ E SERÁ BEBIDO SUAVEMENTE.”
(Eclisiastico)
Quer seja depois de um jantar elegante, uma festa, um aniversário ou uma simples reunião entre amigos, há sempre uma ocasião para passar uma noite agradável juntos abrindo uma boa garrafa. Branco ou tinto, doce ou seco, porto ou champagne, a bebida sempre será servida na temperatura adequada. Alguém quer gelo no seu drinque? Basta apertar um botão do refrigerador para tê-lo no mesmo instante. Além das bebidas e do gelo, o refrigerador armazena, comodamente organizadas, largas formas para tortinhas convidativas, petiscos irresistíveis e canapés, prontos para serem servidos aos convidados. E um bom sorbet, ou um doce refinado, é o melhor modo para se fechar a noite com estilo!