SCA - Viva a mudança
mobiliário contemporâneo
SEM MEDO
DE SE DIVERTIR
Chame os amigos para descomplicar de vez a relação com vinhos
Centenas de variedades de uvas, outros tantos sistemas de elaboração, graduações, regras de temperatura, formato do copo, harmonização com pratos... Relacionar-se com vinhos parece tão complexo que tem quem acione o modo "deixa pra lá", adiando indefinidamente algum progresso na área. Mas aí, nem que seja quando o inverno chega, bate uma vontade de tomar um vinho e lá estamos novamente em frente às diversas opções disponíveis nas lojas especializadas, com aquele olhar de quem olha mas não vê.
"Como conhecer vinhos para errar menos? Uma única resposta: sendo curioso. Não há outra fórmula mágica", escreveu Adolfo Lona, enólogo argentino, residente no Brasil desde 1973.
Ok, o problema é que, sem algum critério ou método, a sensação é de que se está sempre partindo do zero. Ou que ótimas possibilidades estão sendo perdidas. Uma solução poderia ser reunir os amigos em igual situação e com semelhante desejo de mudança, para juntos, criarem algum roteiro de degustação, elegerem um tema para "debate" e aprenderem se divertindo.
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A ideia não é nova e tem nome: confraria. Mas é melhor evitar batizar o encontro logo de cara assim. Corre-se o risco de intimidar os menos familiarizados com a bebida, tornar o clima tenso, ameaçado por gafes nunca antes imaginadas, e sofisticado demais antes de sê-lo. Comece pelo trivial. Seja trivial. Se virar ritual, virou. Todos ajudaram nisso e ninguém vai se sentir um peixe fora d'água.
Tal constrangimento é semelhante ao provocado pelos chamados enochatos – aquelas pessoas que parecem entender tudo de vinho e fazem questão de demonstrar, desencorajando os pobres mortais, confundindo-lhes os sentidos e causando traumas às vezes irreversíveis. Se, diante uma carta de vinhos, sua visão embaralha e você sente uma vontade irresistível de pedir uma cerveja, provavelmente um enochato já lhe fez mal.
Com a abertura de mercados nos anos 90 e a maior oferta da bebida, os consumidores brasileiros ficaram mais exigentes – até consigo próprios. Querem aprender, mas sem complicar. Ninguém quer o rótulo de um enochato.
Surgidas na Idade Média, com forte apelo religioso, as confrarias já tiveram sua época aristocrática, do tipo "para poucos". Já foram sinônimo de degustação de vinhos de preços exorbitantes, exalando luxo e ostentação. De uns tempos para cá, confrarias desse tipo até podem existir, mas abriu-se espaço para encontros muito mais descolados. E quanto maior a despretensão melhor.
Regra número 1? Se divertir. Condição para funcionar: que se esteja entre amigos, que se goste mais do que se entenda de vinho e que as "gafes" sejam bem-vindas, ponto de partida para risadas e novas descobertas.
O prazer precisa de descontração, despreocupação. E, que coincidência! Isso se consegue com 1) amigos, 2) algumas garrafas de vinho e 3) um tema como pretexto para longas conversas. Pronto, virou confraria. Agora, pode escolher um nome e, de igual para igual, encarar as diversas opções da bebida no mercado.