Pensamento de Grupo
O pensamento de grupo é uma patologia perigosa para o mundo dos negócios. Ao tomar decisões relacionadas aos investimentos da empresa, ou marketing de um produto, por exemplo, se sua equipe cair nas garras do pensamento de grupo, ela poderá cometer erros custosos para a organização.
Segundo Daniel Goleman, autor de Inteligência Emocional, o pensamento de grupo é conduzido dentro de equipes da mesma forma que nosso pensamento é conduzido a nível pessoal. Tanto no grupo quanto no individuo, o cérebro busca maneiras de confirmar o que já sabemos e reduzir o estresse causado pelo novo, pela dúvida ou pela discórdia.
Por isso, buscamos no grupo um nível de conforto que, se analisado objetivamente, pode nos criar uma série de problemas. Isso se manifesta pela ausência de debate e conflito. Principalmente em meios onde a liderança é mais autoritária. Afinal, quem se arriscaria a questionar o líder e perder o pescoço ou o apoio dos colegas?
Mas esses sintomas podem levar negócios ao fracasso. A rigidez em aceitar mudanças, por exemplo, pode deixar a empresa desatualizada em relação ao mercado. Ou grandes investimentos em campanhas de marketing fadadas ao desastre podem rolar sem nenhum questionamento dos responsáveis envolvidos.
Existem várias histórias que comprovam esse perigo. Portanto, é importante avaliar as seguintes dinâmicas em sua equipe:
• A ilusão da invulnerabilidade. Quando as coisas vão bem nos negócios, e a onda é de acerto, ou sorte, cria-se a idéia de que qualquer coisa que seja planejada irá dar certo. Cria-se então um sentimento de “nós” muito forte, de admiração ilimitada pelo líder do grupo, e de exclusão de qualquer membro que venha a desafiar a visão do grupo.
• A ilusão da unanimidade. Com a sensação da invulnerabilidade vem a ilusão da unanimidade. Ambas tem origem na sensação de bem-estar do grupo. Uma vez adotada uma crença ou uma decisão, os membros individuais tendem a achar que deve estar certa. Afinal, como pessoas tão inteligentes poderiam estar erradas, certo?
• Supressão de dúvidas pessoais. Você já se pegou questionando os planos ou as decisões da equipe, mas ficou calado? Um dos motivos dessa atitude é a auto-censura imposta sobre suas dúvidas. Isso vem do temor de se expor ao grupo e ser descriminado pelo mesmo. A atmosfera de unanimidade abafa a argumentação. Objetar é ficar separado do grupo.
• Guardas da mente. O guarda da mente é a pessoa no grupo que se encarrega de proteger a equipe de informações externas. Ele está sempre buscando isolar o grupo de pensamentos que possam pôr em perigo a forma habitual de agir ou pensar. Ele é equivalente a auto-repressão no pensamento individual.
• Racionalização. Serve para construir a confiança e garantir ao grupo a moralidade, a segurança ou qualquer outro elemento que concorra para validar suas decisões. Essas racionalizações impedem o grupo de avaliar informações que possam ser devastadoras ao pensamento em questão.
• Estereótipos. Um estereótipo é a lente mal focalizada através da qual um grupo vê o outro. Pode ser positivo ou negativo. E é um esquema que uma vez fixado é preservado, ignorando os fatos contrários e amplificando qualquer um que pareça combinar com nossas decisões e preconceitos.
Essa auto-ilusão a que conduz o pensamento em grupo pode e deve ser evitada dentro das organizações. Para isso, os líderes devem deliberadamente encorajar o pensamento crítico e a oposição aberta entre os membros dos grupos, independentemente do seu nível hierárquico. O pensamento crítico e a oposição são antídotos para as para as ilusões compartilhadas, garantindo que o pensamento do grupo se aproxime o máximo possível da realidade.
Joaquim F. de Alvarenga Neto
Sócio-Diretor da Maestra Consultoria e Desenvolvimento.
E-mail: alvarenganeto@maestraconsultoria.com.br
Site: www.maestraconsultoria.com.br