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Simplesmente Lota

A Paisagista e urbanista Maria Carlota, ou Lota como era chamada, é pouco conhecida pelo seu trabalho. Quando citada, certamente seu nome está ligado à figura da poetisa Elizabeth Bishop, influente na literatura americana e vencedora do prêmio Pulitzer.

De família abastada, a paisagista nasceu na França, quando seu pai, era Ministro de Getúlio Vargas e dono do jornal o "Diário Carioca". Com os pais exilados por motivos políticos, Lota foi educada em internatos para meninas na Suiça.

Mas toda essa amnésia envolta ao seu nome é injusta, Lota deixou como herança, junto com Burle Marx (de quem foi muito amiga), um dos cartões-postais mais belos do Rio: o Parque do Flamengo. Convidada pessoalmente por Carlos Lacerda, naquele tempo governador do Estado.

Até mesmo os sites que falam do projeto – Aterro - não citam seu nome como idealizadora e construtora. No livro de Carmen Lucia Oliveira “Flores Raras e Banalíssimas" (Editora Rocco) a autora apresenta todas as dificuldades que Lota encontrou ao agilizar os processos burocráticos da época, no intuito de completar a grande obra de sua vida, que mudou a cara da Cidade Maravilhosa.

Outro marco importante em sua biografia é a fundação do Museu de Arte Moderna do Rio, desenvolvida  com um grupo de amigos intelectuais da época.

Arquitetura premiada

Uma casa erguida em um dos pontos mais altos da floresta de Samambaia, em Petrópolis, projetada por Sergio Bernardes e móveis assinados por Alexander Calder. Foi onde Lota passou boa parte da sua vida no Brasil. O espaço era regularmente visitado por estudantes e arquitetos do mundo inteiro e personalidades que visitavam o país, como Robert Lowell, Monroe Wheeler, Aldous Huxley entre outros.

A casa ganhou atenção, chegou a receber o prêmio na Bienal de São Paulo, em um júri que incluía Walter Gropius e, ali também, Bishop escreveu: North & South. A Cold Spring, que ganhou o Prêmio Pulitzer de Literatura, de 1955.

Uma oportunidade de conhecer a história da dupla é o livro de estreia de Michael Sledge," A Arte de Perder" (Editora Leya), o autor recria usando biografias e poemas de Bishop como pano de fundo, um intenso mundo privado, revelando a mente literária da poeta Elizabeth Bishop, que viveu em constante conflito consigo mesma sua luta contra o alcoolismo e o auge de sua carreira, onde, no Brasil, compartilhou sua vida com a não menos intensa Lota Macedo de Soares.