Entre muros e telas
Com inúmeras exposições nacionais e internacionais no currículo, a artista brasileira Nina Pandolfo prepara nova mostra interativa envolvendo molduras talhadas à mão e esculturas elétricas
Fotos e texto Guilherme Zauith
Nina Pandolfo desafia o tempo e o espaço para dar vida a novas obras. Com quadros ainda por terminar, uma exposição individual na Galeria Leme em outubro, dois gatos, um cachorro e artefatos de pintura, a artista recebe KAZA em seu novo ateliê. Um sobrado estilo anos 1950, atrás do parque da Aclimação, aninhado nas ladeiras do Cambuci.
Umas das artistas brasileiras contemporâneas mais cobiçadas nos últimos anos, Catarina Arsênio, 36 anos, “Nina”, adicionou o sobrenome Pandolfo após se casar com Otávio da dupla osgemeos. No início dos anos 1990, pegava o ônibus da Vila Gustavo, zona norte de São Paulo, para pintar em bairros centrais como o Cambuci e Aclimação. “Essa parte da cidade tem uma ideia de arte urbana muito bacana. Sempre preservaram nossas pinturas”, conta.
Para ela, o espaço público sempre foi uma inspiração. “Comecei no teatro de rua e pintando telas em casa. Minha trajetória foi da tela pra rua e da rua pra tela. Aos 14 anos, fiz curso técnico em comunicação visual, mas sempre pintei em casa e na escola. Me aprimorei naturalmente”, explica a artista.
Em 1999, ganhou o prêmio Funarte para uma exposição coletiva com outros artistas. Daí vieram convites internacionais para a Europa e a carreira se consolidou: “Em 2007, o conde de Glasgow, da Escócia, pesquisou sobre o grafite brasileiro e me convidou, junto com o Nunca e osgemeos, para pintar a fachada do Castelo de Kelburn. Foi um mês direto e a ideia principal era apenas turística e temporária. Hoje é referência e querem tombar o local como patrimônio histórico”.
Porém, Nina não deixa de ser uma garota de bairro que sabe de onde vem e continua se inspirando no universo feminino, na natureza e nas cores para dar forma às suas personagens de olhos gigantes. Com um livro recém-saído do forno pela editora Master Books, da apresentadora de TV Eliana, também prepara uma nova exposição individual na Galeria Leme, em São Paulo. “Estou finalizando molduras de madeira entalhadas à mão (inspiradas na arte sacra de Minas) para meus quadros e três instalações com mecanismos de robótica e música para interagir com o público. Experiência visual e sensorial”, revela.
Frase destaque:
Aninhado entre as ladeiras do Cambuci, mesmo bairro paulistano de onde vieram osgemeos, o ateliê de Nina é uma porta para projetos que tingiram até os muros reais da Escócia