JAI HO
Repleta de alento e cores, essa é designer indiana Kangan Arora
POR JÉSSICA FERRARA
“A primeira coisa que as pessoas notam em meu trabalho é, definitivamente, o uso ousado e confiante da cor. Hoje parece que estamos cada vez mais com medo de usar outras tonalidades em nossas vidas, seja no que vestir ou como decorar as nossas casas; cinzas neutros, pretos, brancos e marinhos parecem ser a escolha mais fácil e segura. O meu objetivo é promover uma injeção de technicolor para iluminar as nossas casas e levantar nossos espíritos”, conta para a KAZA a indiana Kangan Arora, designer têxtil contemporânea e fotógrafa. Seu trabalho é inspirado na vibrante cultura de rua indiana e na vida que tem como viajante, criando belos e marcantes produtos artesanais para o lar.
“Gráfias nos pára-choques de caminhões, exóticos rickshaws, ben-daydots nos cartazes de Bollywood, vacas sagradas, carnavais de pipas, personagens curiosos no governo, os mercados locais, bazares, barracas de chá ... Meu país me inspira infinitamente”, revela a designer que quando começa um novo projeto, olha centenas de fotos de coisas que a guiam para depois abstrair e experimentar formas, movimentos e cores de cada uma: “Esta experimentação é realmente a parte mais divertida de todo o processo. É como desembrulhar presentes e nunca saber o que você pode receber em seguida.”
Kangan estabeleceu um estúdio de impressão em 2011, após se formar na Central Saint Martins e no National Institute of Fashion. A indústria têxtil sempre esteve em sua família, seu bisavô iniciou uma empresa de moda em Punjab há mais de 100 anos, e então ela manteve uma herança fortemente enraizada no artesanato e materiais locais; combinando serigrafia com bordados à mão e apliques.
Há uma beleza incomparável na Índia e o que torna o trabalho da designer singular e original é o uso de objetos encontrados da reciclagem, da constante renovação do tecido urbano, criando um interesse visual único. “Gosto do visual mais do que das palavras. Meu trabalho é sobre cor, impressão e pattern ... e um pouquinho mais de cor – mas dizem por aí que o rosa é o preto da Índia, então estou dentro da moda!”, brinca Kangan.
Para encerrar com chave de ouro, perguntamos se o trabalho de Kangan poderia ser comparado à cultura brasileira, já que são cheios de alegria, cores e boa vibrações. A designer respondeu que, sem dúvidas, esta intersecção existe e que é apaixonada por várias peças do Brasil. “Embora inspirada diretamente pela cultura vibrante indiana, tenho observado as tradições têxteis e de design contemporâneo em outros países - Brasil e África, principalmente - e quanto mais estudo, mas acho que nós temos um propósito compartilhado, celebrando a cor e patterns em grande parte do nosso dia-a-dia”.
