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Onde vivem os deuses

  • Onde vivem os deuses
  • por Mario de Castro fotos Yiorgos Kordakis

  • Refúgio paradisíaco de verão na ilha de Mykonos revisita a estética grega pelas mãos do arquiteto Dimitris Rizos e da decoradora Marilena Rizou. Um ponto caiado entre o céu, o mar e nada mais

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    Como o famoso vento que sopra sobre Mykonos, uma lufada de arquitetura contemporânea reformou esta casa em total comunhão com a natureza. O lugar é Tigani, a apenas 14 quilômetros do centro de uma das mais famosas ilhas gregas – zona protegida com vista panorâmica para o horizonte azul que emenda no mar. Com a simplicidade quase monástica cara à cultura local, a obra do arquiteto Dimitris Rizos e da decoradora Marilena Rizou transformou a antiga residência de aldeia num paraíso como aqueles da mitologia, onde vivem os deuses. 

     

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    De cara, a estrutura caiada de branco combinando com as pedras locais é uma reinterpretação do casario tradicional. Para aproveitar a brisa e a paisagem ao máximo, a relação entre dentro e fora é sutil, sob medida para a jovem família que passa temporadas ali. Os terraços planejados no mesmo nível dos quartos ganharam um telhado-abrigo feito a partir de roseiras, junco e calcário local, efeito quase rupestre que filtra o sol e permite a entrada de uma luz rendada. Pura poesia. O sofá de concreto, uma antiga mesa de café com uma simples malga de cerâmica e a sala de jantar com moderninhas cadeiras Toy, de Philippe Starck, protagonizam as interfaces entre tradição e inovação. 

     

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    Esta simulação de lifestyle outdoor é tão forte no terraço quanto no meio da sala de estar. Numa das sacadas, uma grande chaise que é praticamente uma day bed desenhada pelo arquiteto lembra um barco, uma arca. Foi construída a partir de restos de madeira encontrados ali mesmo, que venceram o tempo graças ao mar salgado e o sol. Mais personalidade, impossível. Por ali a seleção de mobiliário também abrange tanto garimpos de antiquários e mercados de velharias como peças autorais desenhadas especificamente pelo arquiteto e pela decoradora, encomendadas à artesões locais. 

     

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    Marilena Rizou explica : «O estilo foi baseado no look tradicional da casa de campo grega, com um toque mais abstrato e elegante que é a nossa assinatura. Não desprezamos as peças do folclore nativo, mas tentamos modernizá-las. Basta olhar as traves de madeira no telhado, a chaminé no living e os batentes das portas de madeira para saber que você está na Grécia», diz. Tanto no living como no espaço de jantar, a disposição do mobiliário é mais casual. Tem mesa De Padova, luminária Ikea e sofá Poliform contrastando com cadeiras pinçadas de um sebo local, por exemplo. 

     

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    Os quartos foram completamente pintados de branco – incluindo o assoalho. Nas paredes, as flores traçadas a lápis pela artista Joanna Burtenshaw saltam aos olhos. São buganvílias, espécie típica do Mediterrâneo. « É uma planta que trepa pelas paredes das casas e aqui funciona como uma metáfora do jardim invadindo os cômodos», explica Marilena. Ali, poucas peças, mas de qualidade insuspeita, como a cama Ghost, da Gervasoni, convidam ao repouso. Mas com os ares de Olimpo que sopram na varanda, é difícil acreditar que alguém passe muito tempo ali dentro.

     

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