Superbacana em Copacabana
Ele é carioca
Na praia mais famosa do mundo, o apê do médico e colecionador Paulo Müller convida ao relax. Com vista para o mar, é claro
POR CYNTHIA GARCIA FOTOS DENILSON MACHADO / MCA ESTÚDIO
O CIRURGIÃO PLÁSTICO Paulo Müller não poderia ter tido professor melhor. Durante cinco anos foi médico assistente de Ivo Pitanguy, passando a genro ao se casar com Gisela. Da união nasceu Antônio Paulo, 25, campeão de esqui, em Gstaad, Suiça, em 2011, que também se divide entre o surfe e o curso de cirurgia plástica, levando a tradição do bisturi à terceira geração. Carioca do Leblon, de família alemã de Santa Catarina, Müller é um dos nomes estrelados nessa área onde o Brasil é mundialmente respeitado. Com mais de 8 mil casos operados, dos quais 2.800 face liftings, celebridades, a elite do país e um contingente de 10% de estrangeiros passam pelo crivo de excelência desse esteta. “Não se pode descuidar do padrão de qualidade em função do sucesso. Em geral, meus clientes são da classe média alta, mas nutro especial carinho pela cliente que se opera comigo e se sacrifica para pagar”, revela.
Branca, seu buldogue francês, os amigos e as viagens são outras de suas paixões. O apartamento na Avenida Atlântica fica em um prédio Art Déco da década de 30, de sua tia Sivuca Malta, do lado materno. “Ela é a dona do prédio todo, alugo dela há 18 anos”, diz sem afetação sobre o apê de 200 metros quadrados com vista para a praia de Copacabana, ideal para esse solteiro que curte praticidade, conforto e receber grupos de 20 a 30 amigos.
O interior foi desenhado pela irmã, a decoradora Márcia Muller, mas foram Paulo e as amigas, Danuza Leão, Narcisa Tamborindeguy e Cristina Midosi, corretora de imóveis de luxo que vive em Miami, que deram o toque. No hall, uma escultura de mesa de Waltércio Caldas e a instalação em acrílico iluminado, O sangue que corre nas minhas veias, de Alexandre Mazza. Mas é o neón da artista plástica Pinky Wainer (filha de Danuza), dona da Loja do Bispo, um dos points dos Jardins, em São Paulo, que dita o moto da casa: Relax and Enjoy.
O living privilegia a vista, o espaço e a coleção de arte. No bar, outro Waltércio (“um rosto feminino cirúrgico”). Do amigo Antonio Dias possuiu três telas. Também há um Leonilson; um Gershman da série Miss Brasil; a tela recortada em tamanho natural A Pescadora do americano John Nicholson; outra obra de Pinky Wainer, um óleo da série Vestidos; e uma rosa de Paulo Von Poser, presente do casal Boni e Lu de Oliveira. A sala de jantar exibe uma escultura vermelha de parede de Frans Krajcberg. Mas o acervo não para aí: há obras de Tunga, Barrio, Bernardo Gouthier, Adriano de Aquino e outro Antonio Dias no consultório, em Ipanema.
A área íntima da casa guarda outro ponto alto. É a coleção de fotografias em preto e branco de seu bisavô, Augusto César Malta de Campos (1864-1957), fotógrafo oficial da prefeitura do Rio de Janeiro até 1909 e pai da reportagem ilustrada no país. São imagens do Rio Belle Époque de charrete e chapéu. Estão lá o Morro do Castelo e o Palácio Monroe antes de serem postos abaixo, o Corcovado ainda sem o Cristo e as reformas urbanísticas do prefeito Pereira Passos (1902-1906). “A família se desfez das fotos e fui arrematando em leilões. Estão na coleção do Instituto Moreira Salles”, conta orgulhoso sobre o antepassado, como ele, respeitado e admirado, em seu tempo.