Brasileirinho Fashion
Com pantone explosivo, exotismo atemporal e pluralidade cultural, Fabrizio Rolo abre as asas sobre o gazebo e o terraço na casa da fashionista paulistana
POR ALLEX COLONTONIO / FOTOS CHRISTIAN MALDONADO / STYLING CHIALIN CHIANG
Durante seu périplo pela Arte Rio, feira contemporânea que rolou em setembro na capital carioca – e que teve obras aquilatadíssimas como o móbile de 1945 de Alexander Calder, abocanhado por módicos 18 milhões de reais logo no primeiro dia – Fabrizio Rollo, o arquiteto sangue-azul mais “sem fronteiras” desses brasis, quase morreu de amores por uma foto no estande da galeria paulistana Zipper. Na montagem de Marcelo Tinoco, batizada de Diorama Rio, uma criança corre entre araras, papagaios, periquitos, flamingos e outros bichos no Jardim Botânico, retratado ali como um Éden surrealista. Rollo arrematou a obra na hora. “Era tudo o que eu precisava para finalizar este projeto”.
No caso, a morada paulistana de uma fashionista expressiva (e low profile) na cena brasuca da moda, com décor pronto, mas que confiou a Lord Rollo a missão de atualizar dois cômodos especiais: seu terraço e gazebo, áreas bastante aproveitadas por ela como extensão social, muito além da sala de visitas. “São pessoas muito chiques e queridas, que adoram receber e o fazem com frequência. Esta decoração, mais do que um efeito plástico poderoso e aconchegante, precisava ser muito eclética e versátil”, explica Rollo referindo-se ao gazebo que pode servir tanto para um almoço com ares tropicais para as amigas da dona da casa, como para uma sala de jogos para seu marido. “Entrei para transformar essas áreas, deixá-las mais charmosas. E como se trata de alguém que trabalha com moda e não tem medo de cor, pude apostar num pantone mais sofisticado, como o azul paris, o rouge de fer e um grande mix de estampas”, conta. “Quando as pessoas se propõem a fazer um mélange de épocas e estilos, geralmente se limitam a um tema ou destino específicos. Prefiro ir mais longe: acho que a graça está justamente na pluralidade da origem, naquilo que costumo chamar de exotismo multicultural”, ensina.
Mais cosmopolita, impossível. Na epopeia estética, Rollo garimpou peças de estilo, ajudou-os com as aquisições das novas obras de arte (inclusive as compradas na Galeria Leme), mas também aproveitou boa parte do acervo dos proprietários. Resgatou um sofá antigo revestido de kilim que estava na casa de praia dos proprietários, perfeito para contracenar com o biombo Jansen com paisagem chinesa. Num jogo ousado – e deslumbrante – de contrastes, plantou na cena um set de mesinhas coloridas de ferro da Micasa, by Patricia Urquiola. Pinçou o recamier Luis VI da Ivy em veludo celadon. Customizou um pufe vintage cromado da Forma em algo mais glam com revestimento dourado, trouxe mesinhas chinesas de jade de Juliana Benfatti e assentou seus garden seats autorais – assinados por ele, pintados à mão na China e produzidos pela 6F. Sofá Dinucci, gravuras do mestre colorista alemão radicado nos EUA Josef Albers misturados com a supercoleção de quadros chineses dos séculos 18 e 19, também saltam aos olhos e não brigam com o modernismo geométrico que está no DNA de Rollo – sujeito übercosmopolita que já foi editor de moda e design de grandes publicações internacionais como Vogue e Bazaar e que é frequentemente apontado pelo hype-site The Sartorialist como uma das personas mais chics do planeta.
No terraço, a modelo Kaoany Valinati (Oca Models) desfilou looks da nova coleção da Cruise sobre tapetes bem gráficos da By Kamy, que compõem um retângulo cheio de movimento. Sob medida para o ensaio, os arranjos da flower designer Lucia Milan borrifaram a primavera na cena.
Enfim, a mais autêntica moda da casa, segundo Lord Rollo. Em prosa, verso, conteúdo e imagens que valem muito mais do que qualquer blábláblá.