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Entre o céu e a terra

 

Refúgio na Urca assinado por Arthur Casas descortina o Corcovado, o Pão de Açúcar, o céu, o mar e o horizonte sem-fim

POR CYNTHIA GARCIA / FOTOS FERNANDO GUERRA

Entre o céu e a terra

A Urca é uma ponta jogada ao mar na divisa com Botafogo, Leme e Copacabana. Esse cobiçado refúgio carioca, por não servir de passagem para nenhum outro bairro, ainda preserva a calmaria do Rio de Janeiro onde brincávamos de bola de gude e amarelinha na rua, enquanto os velhos jogavam carteado debaixo das amendoeiras curtindo a brisa da baía e a vista para os barcos do Iate Clube, emoldurados por Botafogo. Mas a Urca também é dotada de monumentalidade. É ela que testemunha o encontro do Oceano Atlântico com a Baía da Guanabara e abriga um dos marcos da Cidade Maravilhosa, o Pão de Açúcar, morro de pedra batizado com tamanha doçura que ninguém no mundo esquece. Neste bairro cheio de charme está fincado esse projeto de reforma do incensado arquiteto paulista Arthur Casas.

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Na varanda do último piso da cobertura há um espelho d’água na largura do imóvel, ponta a ponta, que tem em um dos lados uma hidromassagem a céu aberto. No piso desse compartimento que contém água estão três aberturas seladas por um sanduíche de vidro temperado que se transformam, no piso abaixo, em aberturas simetricamente perfuradas no teto do living, aumentando ainda mais a luminosidade e a beleza. Outra solução interessante na cobertura de 667 metros quadrados dividida em três andares está no teto do fosso da escada. Projetado no centro do apartamento, ele tem uma abertura zenital com vidro temperado que banha com iluminação natural a principal artéria vertical do imóvel, levando acesso e claridade aos três pavimentos. A solução une o útil ao agradável pois acrescenta sustentabilidade ao projeto no qual também participaram as arquitetas Milena Chieco, Flávia Castellan, Joana Pini, Renata Adoni e Bruna Rizzi, do Studio Arthur Casas. “O conceito da reforma foi desenvolvido a partir de duas diretrizes: criar um caminho em direção à vista de ambos os lados com a baía e a montanha, e banhar os três pisos com luz natural”, explica o arquiteto, que demoliu a planta original. “Na realidade, a planta é muito simples. A intenção foi criar uma sensação de fluidez entre os pavimentos, criando espaços contínuos, sem interrupção, para acentuar a arquitetura e enfatizar a vista extraordinária”, arremata Arthur satisfeito com o resultado.

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A cobertura ocupa os três últimos pavimentos de um prédio de apenas cinco andares, a altura ecologicamente correta e sensata do antigo Plano Diretor dos bairros residenciais do Rio, que sofreu mudança nos anos 1970, quando os tubarões da exploração imobiliária entraram em cena. O primeiro pavimento (que vem a ser o terceiro do prédio) abriga duas suítes de hóspedes e também o serviço, com dois dormitórios e cozinha para funcionários.

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A entrada principal fica no piso do meio, um espaço social amplo de 245 metros quadrados, composto por uma cozinha gourmet com mesa de jantar e um living com varanda dando para essa vista de babar que você pode admirar no lindíssimo ensaio do fotógrafo português Fernando Guerra, especialmente para KAZA. Pontuado com algumas telas contemporâneas e peças de artesanato brasileiro, o décor minimalista se divide entre mestres do nosso design modernista como Sergio Rodrigues, Jorge Zalszupin, Ricardo Fasanello e o romeno naturalizado brasileiro, Jean Gillon.

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Coroando o último andar, a suíte máster dá de cara para o Pão de Açúcar, sem sair da cama, do travesseiro. No lado oposto, a varanda é abençoada pela imagem do Cristo Redentor. Que maravilha! Corcovado e Pão de Açúcar em uma “nota só”, com esse minimalismo cheio de bossa, diria Vinícius de Moraes: “Olha que coisa mais linda...”

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