O QUE É QUE A BAHIA TEM?
Encravada sobre um platô e com vista espetacular de 360º, a casa localizada em Trancoso, Sul da Bahia, é um perfeito camarote de contemplação à natureza, com assinatura grifada de Esther Giobbi
POR ANA PAULA DE ASSIS / FOTOS MARCO ANTONIO / PRODUÇÃO FOTOGRÁFICA TIAGO CAPPI
Reduto de hippies nos anos 1970, Trancoso, a antiga vila de pescadores que no passado, antes da chegada dos jesuítas, abrigava uma aldeia de índios pataxós, foi o destino eleito para chamar de seu por essa família que ama receber os amigos e curtir o dolce far niente à beira-mar. Para a construção da casa, que é o destino oficial das férias da trupe no verão, ficou responsável o designer e construtor Ricardo Salem – famoso pela expertise de edificar a maior parte dos casarios daquelas bandas. Como missão, ele teve que pensar em soluções para sedimentar a estrutura num platô costeiro – terreno com leve inclinação, bem típico da região. Segundo Salem, um dos grandes trunfos do projeto é que ele tira partido de matérias-primas bem simples, como a madeira, e está em perfeita sintonia com os aspectos climáticos e geográficos do sul da Bahia. “A cultura de floresta do entorno está presente no projeto que leva estrutura de maçaranduba e forro de ripas de tatajuba, piso de cimento queimado, e toda a caixilharia de madeira e vidro. Tudo executado com marcenaria de excelente acabamento”, ressalta Salem. Dividida em dois pavimentos, no superior fica a suíte principal, que tem direito a closet e terraço para contemplar a vista. No andar de baixo, ainda há outras duas suítes, as varandas e o amplo estar, tudo planejado propositalmente com grandes nichos e aberturas para serem verdadeiros camarotes onde ocorrem os namoricos com a natureza do lugar. O décor, que recebeu um mix de tempero brasileiro –¬ como uma boa seleção de mobiliário dos anos 1950 – condimentado com pitadas de referências orientais, é assinado pela chic Esther Giobbi. “A ideia da decoração foi aproveitar ao máximo o jardim e a vista de 360º da casa, com mobiliário confortável. Pensei em algo simples e personalizado e que fugisse um pouquinho do estilo das casas de praias convencionais da Bahia”, sentencia Giobbi. Para chegar ao resultado vitorioso, Esther abusou de composições brasileirinhas, como um par de cadeiras Paulistano, do mestre Paulo Mendes da Rocha, vasos com colares, mix de tapetes que remetem à estampa Missoni, banco de desenho filipino (olha aí a pimenta oriental), cadeiras de madeiras com revestimentos de palhinha, e por aí vai. Do lado externo, um portentoso jardim que respeita toda a silhueta e desnível do terreno, dá as boas-vindas a quem chega à morada. No fundo da casa, os proprietários ainda contam com uma floresta de mata nativa e intocada que faz as vezes de paraíso privé. Do lado oposto da casa há o contraponto arrebatador da vista direta e sem nenhum empecilho para o mar. A pergunta que não quer calar é: Precisa de mais alguma coisa para sonhar e ser feliz diante de tantos predicados da natureza?