Projetos

A IMENSIDÃO AZUL

 

O QG de veraneio de Sig Bergamin, em Trancoso, revela a essência da poesia visual do arquiteto 

POR FLÁVIO NOGUEIRA  | FOTOS TUCA REINÉS

A IMENSIDÃO AZUL

O azul do Atlântico se funde ao azul do céu formando um afresco natural único – e a brisa que passa por ali se revela uma das mais populares da nossa arquitetura tupiniquim. O lugar é Trancoso, sul da Bahia. O projeto inspirador que essas páginas mostram é o refúgio de um dos arquitetos mais aquilatados do País, Sig Bergamin. O château instalado em um terreno de 1.800 metros quadrados é uma lição de charme, sofisticação e ode estética. Dividida em dois pavimentos distribuídos em 650 metros quadrados, a morada abriga em seu interior mais de cinco quartos, lavabo, cozinhas, salas, entre outros, sem mencionar os oitenta coqueiros – isso mesmo: oitenta! –, que foram plantados pelo espaço e conferem um décor com perfume caribean style, harmonizado com brazilian taste. “É o branco e o azul, tudo muito despojado e sem pretensão. As inspirações são do Caribe, Índia e Bahia”, descreve Sig. De cara, também, tudo ali é um resgate da cultura local, afinal, o layout, a julgar pelas nuances que pontuam as ambientações, parece abocanhar a paisagem ao redor. Esses traços absolutamente exuberantes e integrados à natureza são pontos altos do alinhamento de Bergamin, seja nas suas obras ou na sua própria casa de veraneio. Afinal, ele sabe como ninguém harmonizar peças de decoração de diversas origens, padrões e texturas – e muda tudo, o tempo inteiro, superando a si mesmo. A curadoria é praticamente uma aula de história da mobília mundial. Conjunto de garimpos adquiridos em centenas de viagens feitas pelo globo (Sig não para quieto, como você sabe), entre outras peças feitas sob medida aterrissaram por lá os sofás otomanos, traquitanas de perfume oriental, arranjos étnicos, além das mesas e cadeiras desenhadas pelo próprio arquiteto. A mistura tem (bom) gosto cosmopolita. Na mesa de madeira do living encontra-se uma grande cabeça de Buda, ao lado do vaso de cerâmica chinês e do torso romano. No living, as máscaras são quenianas, as poltronas com padrões claramente africanos vieram da Nigéria e os bancos estofados de couro branco de um dos mestres da Bauhaus, Mies van der Rohe. “A casa foi acontecendo junto com a construção. Eu adoro colecionar móveis.” Pergunto qual é o componente que se destaca. “Uma cama de Opium, que trouxe de Bali, e revesti com tecido suzani do Uzbequistão, hoje fica na sala de TV. Tem também um aparador francês dos anos 1930 com corais e peixes e uma mesa gateleg portuguesa enorme no meio do living superior”, explica. Para destacar o mélange, paredes, teto e chão brancos dão a sensação que tudo flutua, desde as obras de arte, gravuras indianas, pôsteres antigos e fotos de acervo pessoal. Na área externa, a piscina com deque de madeira cercada de pés de jasmim e mangueiras em toda sua extensão é um convite para sentar e admirar o cenário que vai além do amor à primeira vista. E que parece acolher qualquer um de braços abertos. “Adoro a piscina, ir até o mar. Amo o terraço inferior, que é muito utilizado para os almoços com os amigos”, revela. Um camarote mais do que VIP para degustar o Paraíso.

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