Projetos

NA CADÊNCIA DO MAR

 

Thiago Bernardes desenha uma casa que praticamente flutua sobre as maravilhas topográficas no Éden fluminense 

POR CYNTHIA GARCIA | FOTOS DENILSON MACHADO, MCA ESTÚDIO

NA CADÊNCIA DO MAR

Existem lugares mágicos e Angra dos Reis é um deles. Naqueles que são amantes deste éden na costa fluminense, mas ainda não têm a casa dos sonhos, às vezes, bate a vontade de construir uma com tudo pensado para atender aos anseios da família. Foi o caso desse refúgio, inaugurado em 2012, projetado pela Bernardes Arquitetura, que tem à frente Thiago Bernardes, terceira geração da linhagem de monstros sagrados da arquitetura brasileira: é filho do Claudio e neto do Sergio. Com plena confiança no seu taco, o casal que encomendou seu retiro dos sonhos frequentava Angra há tempos, tinha outra casa ali, mas decidiu investir em dois lotes adjacentes em uma das encostas com vista para o Iate Clube dos Santos. 

 Apesar da complexa implantação no terreno em declive, o projeto desfruta de uma leveza que dá a sensação de uma casa pairando no ar. Explica Thiago: “Nossa maior preocupação foi pousar a casa da maneira mais sutil possível nesse terreno totalmente inclinado, para que ficasse completamente integrada à natureza e mal pudesse ser vista do mar”.

Com toda a estrutura em aço corten e todos os revestimentos em madeira, a casa perfaz uma área construída de 1.230 metros quadrados em terreno de quase a mesma dimensão, maior apenas por 20 metros. Para  criar o máximo de área plana para receber a família com três filhos e minimamente agredir a vegetação existente, foram criados três pavimentos escalonados. No primeiro, o de chegada, foram projetados um estar com cozinha gourmet,  com uma mesa redonda boa para ficar de bate-papo e um gostoso conjunto das indefectíveis poltronas Mole, de Sergio Rodrigues. Esse é o piso que também abriga a maior varanda da casa com suas espreguiçadeiras e, dominando uma das laterais, a bonita piscina de 60 metros quadrados com “prainha”, aquela superfície molhada, ideal para a malemolência do verão regada a uma caipirinha gelada. “A piscina no primeiro pavimento precisava de uma estrutura reforçada e para não comprometer a leveza proposta, fizemos uma viga inclinada que disfarça a dupla profundidade da piscina e deixa o pé-direito do segundo piso mais alto”, detalha o arquiteto. Também avarandado, o segundo pavimento, mais recuado que o primeiro, recebe as salas de estar e jantar, suíte master e área de serviço. No terceiro estão os quartos dos filhos e hóspedes, uma mini copa e home theater. “Os clientes deixaram o escritório à vontade para propor as melhores ideias para o terreno e sugerir os espaços. Apesar da dificuldade com o terreno e com o grande programa solicitado foram o carinho e a relação prazerosa que tivemos com eles que geraram esse resultado”, arremata o profissional da terceira geração dos Bernardes com visível orgulho no olhar.

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