Projetos

Mélange cosmopolita

Em seu apê nova-iorquino, Sig Bergamin organizou um mix & match com o bom e o melhor de várias épocas e estilos.

Por Cynthia Garcia | Fotos Simon Upton

A cereja do cup cake

Assinatura estelar da decoração no Brasil, Sig Bergamin tem apartamento na Big Apple muito antes que fosse moda entre nossos compatriotas bem de vida terem um pied-à-terre nova-iorquino. O primeiro, de dimensões generosas na parte mais nobre, tradicional e cara da cidade, o Upper East Side, foi substituído há cinco anos por esse de cerca de 90 metros quadrados no West Village. “Nunca imaginei que desse para viver tão bem em um espaço tão pequeno”, confessa feliz da vida o arquiteto e decorador paulista que, entre outros feitos, comanda o portal sigin.com.br.

A cereja do cup cake

Situado em prédio pequeno e baixo, o apartamento tem apenas quatro peças: o living, o quarto de Sig e de seu companheiro, o arquiteto Murilo Lomas, um banheiro e uma minicozinha, onde o fogão fica escondido em um armário. “Tenho horror a cheiro de comida pela casa, não preciso, o bairro tem vários restaurantes transados”, diz ele sobre o apê que virou point de encontro dos amigos (“de dois a seis, no máximo, não gosto de farofa”) tomarem um drinque ou um champagne antes de saírem para jantar na noite de Manhattan.

A cereja do cup cake

“A pretensão aqui foi a de fazer um ninho, um home-sweet-home”, explica esse perfeccionista sobre o décor feito a quatro mãos com Murilo. “Sou muito organizado, adoro tudo perfeito, paralelo, enfileiradinho”, completa o profissional exigente. Em escala menor, o apartamento com piso de madeira ebanizada lembra uma manor house inglesa com peças garimpadas em viagens, objetos de várias proveniências e, claro, muitos tecidos para acentuar o clima de aconchego, uma das marcas de seu estilo inconfundível. “Tenho um estoque de tecidos. Por onde viajo compro tecidos lisos, estampados, bordados, antigos”, referindo-se não só aos estofados e à coleção de almofadas, mas também às cortinas com desenho de ikat indonésio, à colcha antiga bordada em vermelho, comprada em uma viagem a Jaipur, na Índia, dobrada sobre a cama, e ao elegante tecido de parede (“não é papel, não”) que forra toda a casa, criação dos teares da Maison Pierre Frey, de Paris.

A cereja do cup cake

Sig adora, conhece e sabe muito bem o que é chique. Pessoa sensível que é, compreende que essa fórmula híbrida e fascinante depende de três variáveis: olho para descobrir, charme para produzir e estilo para ousar, que ele tem pra valer. A bem dizer – e faço questão de lembrar –, foi ele quem introduziu nas mansões de seus clientes da elite brasileira essa mestiçagem cosmopolita, ou melhor, mix & match de objetos de várias procedências, diferentes estilos, de épocas distintas e com toques de orientalismo, aqui e ali, que ele mistura com maestria, combina com elegância e mescla com pitadas de ginga brasileira, ao instigar um triângulo amoroso entre coisas caras, peças raras e detalhes bem-humorados, que se convencionou chamar de high & low, que ele salienta, com brilho nos olhos azuis: “Adoro!”

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