Arte em duo
Cultos, inteligentes, art lovers e estetas da derme ao tutano, Eduardo Machado e Wair de Paula exibem a nova encarnação de seu belíssimo dúplex paulistano com exclusividade para KAZA
Por Cynthia Garcia | Fotos Alain Brugier
O colecionismo rege o lifestyle do paulista Wair de Paula e do pernambucano Eduardo Machado, galeristas à frente do Gabinete D, nos Jardins, em São Paulo, galeria de arte contemporânea no primeiro pavimento e design vintage no piso superior. Casados há dois anos, ambos foram do time da Artefacto durante vinte anos, onde Wair foi o diretor artístico e Eduardo o relações-públicas da empresa.
Cortando o cinza das paredes, na área da mesa de jantar, o vermelho tinge dois pilares e as vigas estruturais. “A mesa Saarinen veio da Casa da Manchete. O tampo é de carvalho, não de mármore, porque, na época, Adolfo Bloch quis os tampos em madeiras brasileiras. A luminária de teto é do Marché aux Puces, de Paris, e o centro de mesa é uma cerâmica do Macaparana, raríssima”, pontua Wair. No mesmo ambiente, sobre o aparador da Artefacto Beach&Country em madeira entalhada, três peças de peso: um importante vaso art déco, a fotografia Voodoo Figure (1988), de Mario Cravo Neto, e um santo de roca, mineiro, do século 18. “Eram santos de procissão, ricamente trajados. Para ficarem leves, só a cabeça e as mãos eram feitas de madeira”, acrescenta o colecionador, que tem sobre o piso um lagarto de madeira do artista piauiense Gaudino. “Presente de Janete Costa para nós”, diz com saudade da amiga, uma das maiores arquitetas que o Brasil já teve.
A reforma nos 220 metros quadrados da cobertura dúplex com lareira e piscina, onde vivem, no Morumbi, reduziu os cinco quartos originais para três, criou uma cozinha-balcão em U de granito preto e transformou a varanda em uma bay window, janelão com sofá embutido da tradicional arquitetura inglesa. Para criar unidade, todas as paredes ganharam o cinza da Suvinil em tom de concreto, piso e carpete em tom gray flannel By Kamy. “No século 18, a pintura descobriu que o fundo em tons escuros realça as cores”, explica Wair, referindo-se à técnica do chiaroscuro (pronunciado quiáro-escuro), claro e escuro, em italiano, que conceitua a “caixa” do apartamento desses colecionadores apaixonados pelo acúmulo contínuo.