Topografia máxima
O escritório de arquitetura Nitsche Arquitetos encrava o projeto com solução arquitetônica interessante em região escavada por vales, rios e recoberta pela vegetação nativa de Mata Atlântica
Por Ana Paula de Assis | Fotos Nelson Kon
Encravado nas montanhas da Serra da Mantiqueira, em São Francisco Xavier, um pequeno distrito de São José dos Campos, a casa SFX responde ao desafio de projetar em uma região pouco ocupada, onde a natureza,com seu mar de montanhas, vales profundos e rios e cachoeiras caudalosos, reina soberana. O layout que tira partido da natureza abundante é assinado por uma das pranchetas mais criativas da nova geração: o escritório Nitsche Arquitetos. A casa de 392 metros quadrados foi edificada em um terreno, que é uma pequena colina, com direito a topo e vale, tudo dentro de seus limites e que soma uma área total de 24 mil metros quadrados.
A construção composta de dois elementos – corpo principal e dois anexos – é uma grande plataforma de concreto elevada do solo com estrutura modular independente de madeira para cobertura. “Decidimos que o corpo principal deveria estar na borda da colina com uma grande, retilínea e transparente fachada voltada tanto para a vista quanto para o vale”, explicam os arquitetos. A casa de estrutura comprida e estreita tem seu uso determinado por divisórias que reforçam as características dos espaços internos e definem dois setores distintos nessa grande plataforma linear.
A ala íntima, subdividida em quarto suítes para uso exclusivo de cada pessoa ou casal, ainda tem umamplo e integrado setor de convívio onde ficam a cozinha, a sala de estar e a varanda. Quase todos esses ambientes, inclusive os banheiros, estão voltados para a contemplação da vista espetacular do entorno. Já a área de serviços, a suíte dos hóspedes, o depósito e a sauna estão agrupados nos anexos ligados transversalmente ao corpo dorsal da morada. O anexo da sauna está diretamente ligado à sala de estar, na extremidade do corpo principal, e voltada ao pôr do sol.
A ala de serviço delimita o espaço do pátio e reforçao raciocínio arquitetônico dos espaços nos dois setores ao separar ainda mais a área íntima e agrupar os espaços de convívio. “Não ocupamos o topo da colina para aproveitar o plano natural sem a necessidade de construí-lo. O plano construído se soma ao natural, amplificando o espaço útil sem a necessidade de cortes, aterros e planificações do terreno”. Todo o layout trata de uma implantação sutil e delicada que apenas tangencia o topo da colina e tira partido das caraterísticas naturais topográficas da região. É ou não é um conceito perfeito de Paraíso?