Pelos alpes paulistas
O arquiteto brasileiro radicado na Suíça Eduardo de Oliveira Rosa assina projeto que abusa das volumetrias em São Pedro, interior de São Paulo
Por Ana Paula de Assis | Fotos Leonardo Finotti
O arquiteto brasileiro Eduardo de Oliveira Rosa, que mantém escritório em Zurique, na Suíça, assina esse projeto situado no alto da Serra de São Pedro, no interior paulista. A residência foi projetada para os seus pais, um casal de aposentados, que após passar décadas trocando de cidade em função do trabalho do marido desejava um lugar sossegado com sombra e água fresca. A família queria, finalmente, uma casa grande o suficiente para poder acolher os móveis e objetos coletados durante as andanças e, lógico, também deveria ser acolhedora o suficiente para receber os filhos e netos nos finais de semana. O projeto de 473 metros quadrados distribuídos em três volumes tira partido da localização privilegiada junto à encosta da serra, com ampla vista da bacia do Rio Piracicaba e proximidade da mata nativa e sua fauna. “A casa foi desenhada em resposta às condições específicas do terreno e do entorno. Sua geometriaacentuada e seu telhado irregular nos lembra por vezes uma máquina dos primórdios da aviação”, explica.
Além disso a construção sugere o formato da letra Y, sendo que dois braços seguem o perfil do terreno e o terceiro, no nível inferior, se projeta em direção à encosta e incorpora a única árvore existente nessa área até então usada para pastagem. Os dois primeiros abrigam respectivamente as alas de convívio e dormitórios e o terceiro um apartamento para visitas. A morada se desenvolve a partir de um espaço central na congruência desses três volumes: uma varanda de pé-direito duplo,um espaço que funciona como sala de estar, e refeições externas diretamente ligada à cozinha. O ambiente é fechado por telas de metal expandido e de sombreamento, acentuando assim a sua condição de espaço entre o interior e o exterior. “Osgrandes portões de tela funcionam não somente para fechar a varanda, definindo os seus limites, mas também para expandi-la quando aberta.”
Chega-se à casa por meio de uma rampa descendente que leva ao hall de entrada no piso superior e, desse ponto, tem-se a vista – espetacular – da Serra e da grande varanda central. Toda a volumetria da casa foi planejada de forma que os espaços refletissem as condições geográficas de onde está edificada. Um exemplo disso são seus generosos pés direitos, que variam de 6 a 8 metros de altura. Daqui a alguns anos, do lado de fora, uma grande área externa que passa por um processo de reflorestamento estará toda recoberta pela vegetação. Daí, o sonho do jardim do Éden particular estará realizado.