Ele continua estiloso
Em nova fase, Luiz Otávio Debeus, figura carimbada no décor paulista como curador e antiquário, agora aposta todas as fichas no design de interiores. E acerta em cheio!
Por Cynthia Garcia ! Fotos Romulo Fialdini
O mais novo dândi do décor nacional, o paulista Luiz Otávio Debeus sabe que no estilo clássico estão os fundamentos da elegância. Contudo, o profissional, nascido em São José do Rio Preto, compreende que o classicismo deve nortear a decoração sem dominá-la para não cair no careta ou afundar no passé. A personalidade de seus projetos é conferida por meio de uma cartela sem medo da cor, de objetos com referências autorais, de tramas e tecidos com presença e, fundamental, da orquestração de seu olhar no toque final. Esse décor exuberante que bebe de várias épocas e culturas, ao qual denomina-se estilo eclético, é o mesmo que faz o nome de grandes decoradores que ele confessa admirar: “Meus ícones são os franceses Jacques Grange e Jean Louis Deniot, o espanhol Lorenzo Castillo, que tive o prazer em conhecer, em Madri, os norte-americanos Billy Baldwin, Albert Hadley, Jeffrey Bilhuber e Miles Redd, o inglês David Hicks e nossa fantástica Esther Giobbi. Eles sabem carregar um estilo próprio”.
À frente, desde 2003, da loja de decoração Stiledoc, como diretor criativo, Luiz Otávio está em nova fase, focado no voo solo do escritório de decoração com seu nome. Entre os novos projetos, essa casa de 1.200 metros quadrados divididos em quatro pavimentos, com quatro suítes e área social de 400 metros quadrados com living, sala de jantar, gazebo, home theater e piscina com área gourmet, em condomínio exclusivo no Morumbi.
Sobre a lareira, no eixo principal do living, um tríptico de aço de Yutaka Toyota coroa o ambiente de paredes em cinza acamurçado, que contrasta com o colorido do ikat estampado nas cortinas. O mobiliário de diversas procedências reúne desde um sofá Luís XVI, do Antiquário Ivy, ao modernismo de um par de poltronas de couro preto, Parallel Bar Lounge Chairs, anos 1960, de Florence Knoll, designer do naipe de Eero Saarinen e Mies van der Rohe. Na sala de jantar com paredes em off-white, uma bay window exibe cortina em tom de malaquita, design do decorador americano Tony Duquette para Jim Thompson, fornecido pela ANH Tecidos. Duquette (1914-1999) foi cria da elegantíssima Lady Mendl, Elsie de Wolfe (1865-1950), pioneira da decoração que lançou, em 1913, a primeira bíblia do in & out, “The House in Good Taste”. Vale também ressaltar Jim Thompson (1906-1967), um arquiteto americano, belo homem, que se encantou com a Tailândia e as tailandesas para onde se mudou na 2ª Grande Guerra, fundando a Thai Silk Company, primeira tecelagem de seda pura para exportação da Ásia, com clientes que iam de Christian Dior a Jackie Kennedy. Em 1967, ele desapareceu, deixando o mistério em torno de seu nome e sua casa, hoje, o museu Jim Thompson House, um must-see de Bangcoc em arquitetura tailandesa clássica, que abriga a extensa coleção de arte do sudeste asiático desse homem refinado. Tudo indica, nosso dândi do décor está no caminho certo.