Na mesa em Barcelona
Na mesa em Barcelona
Saiba como a capital catalã da arquitetura influencia a gastronomia mundial
TEXTO E FOTOS TATI SEOANE, DE BARCELONA
Barcelona se consume de suas artes e sabores. A capital catalã da arquitetura de Antoni Gaudí e das cores de Joan Mirò é muito mais que o Parque Güell, a Sagrada Família, a Rambla, a Boquería e o Porto Olímpico, entre outros cartões-postais que correm o mundo. A região hoje pertence aos irmãos Roca, do El Celler de Can Roca, eleito este ano o melhor restaurante do mundo pela revista inglesa Restaurant, o “Oscar da gastronomia”, que por quatro anos teve a liderança do El Bulli, de Ferran Adrià, restaurantes esses que ajudaram na formação de grandes chefs brasileiros como Alex Atala, do D.O.M. Os melhores sommeliers e bartenders do mundo também estão por lá. Não sem motivos, a cidade é um dos principais roteiros da gastronomia contemporânea. Além das tradicionais “tapas”, que se misturam entre as receitas de todas as partes do país, como o polvo à galega, da Galícia, ou o gaspacho – sopa fria à base de tomate e pepino, da Andaluzia – a gastronomia local possui iguarias simples e saborosas como o famoso “pa amb toquet” (pão com tomate, numa tradução livre), e a “esqueixada” de bacalhau, parecida com o ceviche peruano. E como não poderia ser diferente, a paella valenciana, que mixa frutos do mar com frango e carne de porco, também é encontrada por toda a cidade.
Sua gastronomia mediterrânea nasceu dos pescadores da Barceloneta, bairro que foi revitalizado com as construções para as Olimpíadas, em 1992, e onde se concentra um grande número de restaurantes especializados em peixes e frutos do mar, bem frescos.
A culinária catalã tem também a influência da cozinha francesa, assim como o catalão, seu idioma materno. O crème brûlé, por exemplo, chamado de “crema catalana”, é a sobremesa mais típica da Catalunha, ou ainda o foie gras, que acompanha os melhores pedaços de carnes.
Com todas essas delícias, Barcelona tem ainda a vantagem da boa temperatura. Não é tão fria como os países da Europa Oriental, nem tão quente como a região de seus conterrâneos, no sul do país. Além de agradável, ela tem um ambiente boêmio. No verão, as calçadas e praças são dominadas por mesas, que estão sempre lotadas.
Nesta época se desfruta ainda mais o “gin tonic” (gim com água tônica), que voltou à moda e atualmente conta com diversos bares específicos para apreciar esse refrescante elixir. É comum, inclusive, fazer um curso de degustação do drink, assim como se faz dos vinhos. Penedès e Priorat são as principais zonas vinícolas da Catalunha, onde se produz também a cava, o vinho espumante originário daquelas bandas – e consumido em todo o mundo.
SABORES DA CATALUNHA O menu caprichado do Roca Bar. À cima, as frutas chamam a atenção no mercado municipal La Boqueria, as diversas interferências artísticas que pontuam a cidade e o muralismo do mestre Gaudí, um clássico de Barcelona