Gênios Indomáveis
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Em meio a tomates, cebolas e carne-de-sol, o aclamado restaurante e cachaçaria Mocotó, que colocou a Vila Medeiros no mapa-múndi da gastronomia, ganha novo café e traço dos artistas plásticos Felipe Ehrenberg e Speto
Por Flávio Nogueira Fotos por Alexandre Pirani
Um restô, um café e duas gerações de artistas. Que o Mocotó é um dos restôs mais descolados – e badalados – de Sampa, já não é novidade. Ali, a fusão tempero e perfume conquistou paladares de paulistanos e turistas desta e de outras terras que disputam por horas uma mesa, a qualquer momento do dia e da semana, no extremo norte da Capital. Como se não bastasse o atrativo principal, o menu, Rodrigo Oliveira, chef proprietário do lugar, decidiu incrementar sua lista de ingredientes e pegou carona na plasticidade que o grafite vem conquistando nas artérias da cidade, convocando dois catedráticos dessa seara: o mexicano Felipe Ehrenberg, 70 anos, e o paulistano Speto, 40. Ehrenberg, que está ao lado de Frida Kahlo e Diego Rivera (de quem era amigo) como um dos mais importantes nomes da arte mexicana, empregou na cachaçaria o principal foco de sua pesquisa, que se baseia no social, cultural e político. “O México é um universo de muitas estéticas. Escolhi desenhos da região de Tenango, centro-leste do país, que é muito alegre e tem uma pitada surrealista como animais que não existem. Esse rabisco é muito tradicional e tem muito a ver com a gastronomia sertaneja do Oliveira”, conta. Já no Café, novo espaço que está sendo desenvolvido pelo escritório LAB arquitetura, as paredes ganharam contornos de Speto. “Achei superbacana a oportunidade de misturar essas duas linguagens de artistas. Grafitei em cordel um repente do menino sonhador, bem amarrado com a bio e atmosfera do ambiente”, revela. Enfim, a Vila Medeiros afere mais um atrativo, muito além do palato.
mocoto.com.br