Na sala com o neoluxo

Na sala com o neoluxo

Com grande-angular sobre o high society paulistano, Fabrizio Rollo elege quatro jovens mulheres ícones de uma geração bem-nascida que transbordou o papel de it girl e faz e acontece – como empresárias, designers, blogueiras e fomentadoras da arte. KAZA invade o living de cada uma delas para decifrar os novos códigos – e a nova era – do luxo doméstico pelo olhar de gente fina, elegante e sincera

Por Flora Monteiro fotos por Alexandre Pirani

Camila Yunes
“Divertida, inteligente e cheia de vida, ela abre um sorriso a cada três palavras. Seu estilo arrojado e irreverente é herança do bom gosto da família Yunes.” As palavras de Fabrizio Rollo descrevem impecavelmente a paulistana Camila Yunes Guarita, 20 anos. Neta de colecionador de arte clássica e filha de colecionadora de arte contemporânea, a jovem cresceu entre obras e artistas. “Desde pequena, rodo o mundo atrás de exposições, feiras, galerias e cursos com a minha mãe”, conta. Em agosto passado, ela converteu essa paixão e conhecimento em um site, o Go Art. Na página virtual estão reunidas novidades e entrevistas sobre o tema, do qual fazem parte também a arquitetura, o décor e o design. “Quero mostrar que a arte está no nosso dia a dia e é algo acessível a todos”, explica a jovem. A partir de junho, Camila vai estar com a agenda cheia: ela vai passar pela Art Basel Miami e pela Bienal de Veneza e seguir para um curso na Sotheby’s, em Londres. No próximo ano, o passaporte da futura arquiteta será carimbado em Paris, onde deve ficar por um longo período aprimorando os estudos. Enquanto está por aqui, aproveita para ficar jogada no sofá da sala de casa – seu lugar preferido. Na morada, quadros e esculturas são onipresentes. A obra de Emanuel Araújo, no hall, é uma das mais especiais. “Foi um presente surpresa para a minha mãe”, lembra.

Mariana Vital Brazil
Durante a graduação em arquitetura, a designer Mariana Vital Brazil encantou-se pela alta joalheria. Com apenas 20 anos, decidiu trocar as réguas e projetos por brilhantes e safiras. Fascinada por pedras preciosas, ela cria, desde 2009, peças sofisticadas e exclusivas, carimbadas com a marca que leva seu nome. “As clientes adoram saber que não vão encontrar dois brincos, colares ou pulseiras iguais por aí”, conta. Entre as suas matérias-primas favoritas estão pérolas, morganitas, corais e, claro, o ouro. No dia 30 de abril ela vai lançar uma nova coleção, assinada por Fabrizio Rollo, o responsável também pelo décor da morada da artista.

Nos ambientes da casa não há excessos. “Queria poucos móveis, mas tudo muito nobre”, diz ela. O living é o cômodo protagonista do lar, onde Mariana passa boa parte do tempo, conversando com o marido ou lendo livros e revistas. A seleção de mobiliário é uma tradução do estilo da dona do pedaço. “Ela sabe combinar, na medida certa, o clássico com o moderno”, diz Fabrizio. O abajur é de Curtis Jeré, o biombo, de Eileen Gray, e a banqueta espelhada, da grife parisiense Maison Jansen, e a fotografia, na parede, de Willy Biondani. O mood sofisticadão fica ainda mais perceptível com a escolha da paleta de cores do conjunto. Tons de ouro e cinza platinado flertam harmoniosamente com os detalhes em branco e preto.

Nathalie Lenci
Que tal ter em casa uma obra de Monet, Matisse, Mondrian, Picasso ou Giacometti? Ou objetos dignos de colecionador, como os sapatinhos de rubi calçados por Dorothy no clássico O Mágico de Oz, de 1939, e o vestido usado por Marilyn Monroe na festa de 45 anos de John F. Kennedy? Há quem duvide, mas as extravagâncias foram vendidas pela Christie’s, uma das mais tradicionais casas de leilão do mundo, com cerca de 90 escritórios em mais de 30 países. A responsável por fazer girar, por aqui, esse mercado milionário é Nathalie Lenci, “uma mulher com background invejável e um conhecimento admirável”, como dita Fabrizio Rollo. Formada em administração e história da arte, a diretora da companhia no Brasil não para nunca. “Estou cada hora em um lugar, visitando clientes e viajando”, conta ela. É pelas mãos de Natu, como é conhecida pelos amigos, que são viabilizadas as poderosas comercializações. Ela faz tudo: de intermediações entre compradores em São Paulo e as Christie’s ao redor do globo a captações de obras, passando pela organização do transporte dos itens.

Na casa onde vive com o marido e o filho, Nathalie guarda suas próprias preciosidades. O living, decorado com mobiliários e objetos garimpados pelo mundo, exibe uma fotografia do belga Harry Gruyaert, adquirida em Paris, e uma guitarra original da banda Pink Floyd, arrematada em um leilão londrino.

Helena Bordon
Filha da empresária Donata Meirelles, ex-diretora da butique Daslu, Helena Bordon, 26 anos, cresceu nos bastidores das grifes de moda mais poderosas – enquanto a mãe encomendava as coleções que viriam aportar nas araras da loja paulistana, Heleninha a imitava, brincando de “fazer pedidos” nos showrooms dos estilistas. Não foi à toa que se tornou grande conhecedora do mundo fashion e referência quando o assunto é luxo e estilo. Sócia-proprietária da marca 284, que em três anos de existência já conta dez endereços pelo Brasil, a jovem empreendedora é também idealizadora do site helenabordon.com, no qual posta novidades sobre arte, tendências, viagens e beleza. “Loira, linda e superligada, ela é vista e seguida por milhares de meninas no meio virtual”, diz Fabrizio Rollo.

Há menos de um mês, Helena deixou o château onde morava com a mãe e o padrasto, o publicitário Nizan Guanaes. “Depois de uma temporada fora do País, ficou difícil voltar a viver com os pais”, conta. Apesar do apartamento novo, a zona de conforto dela ainda é a sala da antiga casa. No living decorado por Sig Bergamin, Donata e Nizan, há muitos sofás, poltronas e arranjos florais. Tudo pensado para receber bem os convidados nos eventos sociais, tão recorrentes por ali.