Geração Soda Pop
Designers, arquitetos e artistas da nova geração se unem em coletivos
Por Flora Monteiro | Fotos Alexandre Pirani, Tomás Rangel, Edgard César e Guilherme Jordani
No final do ano passado, um convite considerado animador para uns, ousado para outros, mas bem-intencionado aos olhos de todos, chegou por meio das redes sociais a dezenas de jovens designers, arquitetos e artistas plásticos espalhados pelos quatro cantos do País. Partindo do designer e arquiteto paulistano Hugo Sigaud, com a ajuda do artista plástico catarinense Marcos Dagostin, ambos com 20 anos, a mensagem propunha a formação de um coletivo para trocas de ideias e de experiências e também para a criação de uma força colaborativa na divulgação e na produção de trabalhos. Hoje, cerca de trinta nomes já abraçaram a ideia dando corpo à iniciativa batizada, pelo nosso diretor Allex Colontonio, de Movimento Y – para quem defende a ideia de que a Geração Y (classificação para os nascidos entre 1978 e 1990) é constituída por um público individualista e competitivo, eles vêm para provar o contrário. “Somos um grupo sem hierarquia, no qual os membros têm trabalhos independentes. Acreditamos que unidos podemos dar maior visibilidade para a produção de cada um, solucionar problemas comuns a todos e até mesmo formar sociedades no desenvolvimento de projetos. Entrar no mercado é muito difícil, pois produzir por conta própria é caro e as parcerias com indústrias, lojas e galerias não acontecem com grande parte dos recém-formados”, explica Hugo. As reuniões que no início eram feitas apenas de forma virtual aos poucos estão sendo organizadas em lugares físicos. “A integração e o diálogo são extremamente importantes, pois ampliamos nossos contatos dentro da área criativa e encontramos novas possibilidades de criações”, completa Marcos. A inauguração de um portal com o portfólio dos integrantes, a publicação de um livro sobre os trabalhos e exposições itinerantes pelo Brasil devem acontecer nos próximos meses e são os caminhos pensados para chamar a atenção do mercado para o que está sendo feito por eles. Além de boas ideias e muita disposição para fazer acontecer, a turma é exigente na triagem de novos membros. “Queremos que o grupo cresça, mas para fazer parte precisa ter uma postura colaborativa e um excelente trabalho”, diz Hugo.
moroso.it
Com objetivos e inquietações semelhantes aos do Movimento Y, outros coletivos estão pipocando aqui e acolá, trazendo uma leva de gente jovem com muita sede de criar, inovar e contestar. Pelas mãos dos designers Guilherme Ribeiro, Rafael Muniz e Ivo Nunes, todos com 22 anos, nasceu, em 2013, no Rio de Janeiro, a Growp. Com 47 pessoas divididas entre 26 estúdios independentes e integrantes de diversas áreas criativas, como fotografia, moda e design de produto e gráfico, o grupo valoriza o contato cara a cara. “O processo de seleção dos membros é feito por meio de entrevistas e visitas aos ateliês para nos certificarmos de que estamos reunindo pessoas a fim de trocar, discutir e agregar. Ter um bom trabalho e amar o que faz também são pontos importantes”, explica Guilherme. As reuniões mensais para integração e discussão já estão acontecendo e, em breve, vão agregar workshops e palestras com experts de interesse comum do time. Nos planos futuros estão o lançamento de um e-commerce para vendas dos produtos de todos, a prestação de serviços terceirizados unindo os integrantes em jobs temporários e a montagem de um espaço com máquinas para a produção.
Na capital paulista, quem dá as caras é o Coletivo Pião, formado por sete membros com produções de mobiliários independentes. “A iniciativa surgiu na faculdade e, hoje, temos uma oficina de apoio e um escritório para reuniões. São nesses encontros que florescem ideias e projetos”, conta a designer e integrante do time Carolina Soares, 21 anos. Depois de uma exposição das peças a céu aberto no Museu Brasileiro da Escultura (MuBE), a turma pretende estruturar um site. O objetivo da plataforma on-line? “Criar um ponto de encontro para outros coletivos a fim de firmar parcerias multidisciplinares”.
Apesar das divergências de conduta e planos, os grupos não se veem com maus olhos. Pelo contrário, há quem faça parte de dois deles, como o designer Gustavo Martini e o quarteto do estúdio O Formigueiro, que integram o Movimento Y e a Growp “Quanto mais unidos estivermos, mais longe conseguiremos ir”, afirma Gustavo. Afinal, a união faz a força, seja na Geração Coca-Cola, na Geração X ou na Geração Y.
