Modernismo Encapsulado
PAX Arquitetura “arranca” uma fatia do MuBE para recriar a casa brasileira
Por Allex Colontonio | Fotos Alexandre Pirani
O cenário é o Museu Brasileiro de Escultura, o MuBE, marco da arquitetura moderna erguido por Paulo Mendes da Rocha na metade dos anos 1990. Uma referência internacional e fonte inesgotável de inspiração para novos criadores, incluindo os jovens paulistanos Paula Sertório e Victor Paixão, as personas por trás do PAX, um dos estúdios mais elogiados da cena contemporânea. A missão do duo, em suas palavras: “De todos os significados que envolvem a palavra PAX, o que mais nos seduz é a tradução de pessoas ou, melhor, participantes. PAX, como agentes de algo que está em transformação, inconstante como a natureza humana, e a própria natureza do projeto, que a partir do trabalho colaborativo, entre seus integrantes e parceiros externos, faz com que cada projeto consista em um organismo único, pois todos se tornam agentes, contribuindo cada qual com sua experiência profissional. Procurando na prática projetual abrigar a imprevisibilidade da ocupação humana, permitindo subverter os desígnios originais do projeto”. Trocando em miúdos, trata-se de uma visão coletiva e transformadora, em busca de (re)pensar o morar urbano. Nesta produção armada especialmente para KAZA, a ideia era propor uma releitura da casa brasileira só com a nova pele do nosso design. Paula e Victor criaram então um lounge que explora os limites do dentro e do fora com contenção e equilíbrio, tomando partido do concreto aparente como parte do projeto a ser encapsulado em nosso Kontainer. “A escolha do mobiliário levou em conta o ambiente onde seriam inseridos: uma área externa – o vão livre do MuBE – mas que poderia ser um ambiente típico de uma casa brasileira, uma grande sombra, protegido das intempéries e muito bem ventilado”, conta Paula. Entram em cena elementos em concreto aparente, como a mesa lateral de André Cruz, e a predominância de linhas retas e cores sóbrias que remetem ao neobrutalismo – incluindo o pufe lateral projetado pela própria dupla. “Trabalhamos, portanto, com móveis e objetos geométricos, práticos e que dialogassem com o entorno, uma simbiose compositiva entre o novo, o improvável, e o consolidado”, finaliza Victor.