Árvore da Vida
No Kontainer de Paulo Alves, marcenaria original com vista para a natureza sugere novos caminhos para a casa brasileira
Por Allex Colontonio | Fotos Alexandre Pirani
Paulista do interior, Paulo Alves come mais pó de roxinho e pau-marfim do que um cupim. Desde que veio para São Paulo atrás do sonho de trabalhar com a legendária Lina Bo Bardi, se passaram 20 anos de produção intensa que o colocaram entre os grandes designers brasileiros no trato com a madeira. Não é à toa que sua Marcenaria São Paulo esteja no radar como uma das melhores mecas moveleiras da categoria. Por trás do shape de cada peça está um pensamento bem bolado que condensa as lições de racionalidade e humanismo na escala arquitetônica, aprendidas no Instituto Bardi, e a pegada “paizão”, tipo bem família, que caracteriza seu lifestyle. “Pensei em encapsular neste Kontainer um estilo de vida mais natural, outdoor, recreativo, com tudo o que é mais importante para mim, principalmente os meus filhos, José, 8 anos, Inácio, 9, e João, 16. Além da minha namorada Genevieve”. Assim, a cena produzida por ele resgata um jeitão legitimamente brasileiro de viver, com móveis autorais de madeira saídos de sua prancheta – com destaque para a estante Floresta –, uma rede preguiçosa “que talvez seja o mais ancestral dos nossos acessórios”, MPB quase orgânica na coleção de discos de vinil, uma bike elétrica, as bolas que fazem o playground da molecada, e por aí vai. “E destaquei também uma peça do meu acervo pessoal que adoro: a poltrona Frei Egídio, da Lina Bo Bardi”, conta.
Entre os novos nomes – Paulo está sempre atento às promessas do design –, duas apostas: a gamela de imbuia do catarinense Juliano Guidi, e o banco Gana, de Gustavo Martini, “representando essa patotinha de cariocas que vem esmerilhando e honrando a tradição da nossa marcenaria”. Os novos caminhos da casa brasileira apontam cada vez mais para as voltas às raízes, para o desenho de autor e para a conexão real e imediata com a natureza. O resto é blá-blá-blá.