Degustação modernista
Sala de jantar do Estúdio Cipó propõe um diálogo com o modernismo brasileiro cinquentista e as novas diretrizes do design contemporâneo
Por Allex Colontonio | Fotos Alexandre Pirani
Ricardo Bueno, 25, e Rafael Dias Navogino, 21, aká Estúdio Cipó, são designers e artistas visuais que nem bem saíram da carteira da faculdade Belas Artes e já estão despontando na nova geração de criadores do panorama brasuca.
Como conceito geral, eles evidenciam a identidade brasileira para estabelecer uma relação mais tangível entre arte e design. O codinome Cipó sugere a estratégia de consolidar e dar continuidade, através das peças produzidas, à atual ascendência da identidade brasileira no campo do design e da manufatura de bens de consumo nacionais. Mas tudo sem cacos excessivamente ufanistas, como deflagram criações suas como a poltrona Avante, que tem grande potencial comercial e que pode ser o passaporte dos garotos para a indústria. A convite de KAZA, Ricardo e Rafael criaram, na Galeria Nacional (endereço-estandarte do novo desenho brasileiro com viés artsy), uma sala de jantar com perfume modernista impresso, sobretudo no painel de azulejos que evoca a Brasília de Athos Bulcão, com discurso reforçado pela poltrona Paulistano de Paulo Mendes da Rocha e pela cadeira Girafa da genial Lina Bo Bardi. O diálogo com criações bastante autorais – a mesa Retangular e o banco Caipira, assinados pelos meninos, que também criaram os pratos de parede da série Círculos e os bowls sobre a mesa – faz a intersecção do tempo. “A ideia foi reunir peças que ressaltam a linha em seu desenho e com isso revelar a possível liberdade enquanto composição do espaço”, diz Bueno.
Ao fundo, o aparador com cerâmicas vintage, Teo, e arranjos, by Nelson Quionha, completam o discurso da sala de jantar simples, cult e “bacanuda” do Cipó. Mistura fina entre o modernismo cinquentista e a modernidade atual – sem forçar nenhuma barra.